quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Conversa com o Provedor da ISCMFA, Luís Miguel Ginja

Que balanço das comemorações dos 350 anos nos pode fazer?

Foi o culminar de um ano que marcou esta instituição, neste dia 15 de outubro, que completou três séculos e meio é importantíssimo, a vinda do senhor Bispo D.Ilídio, a presidir as cerimónias e a visita que efetuou a todos os utentes desta instituição, onde fez questão de os cumprimentar, ter uma igreja da Misericórdia cheia de pessoas e de irmãos, só demonstra que estamos cá e que os fornenses acreditam na instituição.

Tenho de salientar a disponibilidade do nosso Bispo em vir a Fornos nesse dia, que deixou aqui uma mensagem “os colaboradores da instituição são a vida e a saúde desta casa”, esta frase marcou-me, pela sua simplicidade, aliás foi recebido sem grandes formalismos, e a sua visita engrandeceu o dia, para além de a ter escrito no livro de honra mas também a presença de seis padres que também marcaram presença, sendo alguns deles de comunidades vizinhas, com alguma ligação a esta instituição.
Uma cerimónia grandiosa, que valorizou Fornos de Algodres, as palavras que o senhor Bispo nos trouxe, foram palavras de esperança em prol da instituição, com a particularidade de termos um cuidado especial e cada vez mais com os nossos utentes.
Foi um ano importante, tivemos o privilégio de uma pintora fornense ter colocado na tela a imagem da Igreja da Misericórdia, que fica aqui nesta unidade para todos poderem admirar esta obra.
É importante salientar a grande adesão dos irmãos nesse dia e todas as iniciativas que decorreram ao longo deste ano festivo, a vinda do nosso bispo representou a forte ligação entre a Santa Casa e a Igreja.

D.Ilídio referiu nesse dia que era Bispo de Fornos revela carinho por esta localidade?
Sim, é do conhecimento público, que este estudou aqui em Fornos, no Seminário, tem fortes ligações a esta comunidade e sem dúvida que neste dia também ficou satisfeito, pela forma como a cerimónia tinha sido preparada e pela eucaristia que foi o ponto alto, deixando aqui também uma palavra de apreço para o todo grupo coral que anualmente vai animando as nossas eucaristias vespertinas e nesse dia, estavam muito bem preparados a nível de cânticos, o que para nós, Santa Casa, nos regozija.
Também não posso de deixar de referir a mensagem que D.Nuno Almeida, nos enviou a dar os parabéns e a deixar palavras de carinho a todos.
Esta instituição só é assim, porque temos colaboradores fantásticos, prestam um grande serviço e embora sendo uma equipa nova a nível de idades, mas muito competentes, aliás quando cheguei tive algum receio, mas dois anos depois a equipa mantém-se e demonstra o carinho e grande trabalho pelos nossos utentes.

A Peregrinação das Misericórdias em Viseu foi um dia especial?
Sim, foi um desafio do nosso Bispo D.Ilídio, dado que antigamente, as Misericórdias ficavam acomodadas, devido à permanência dos Provedores muitos anos nos cargos.
Coisa que não acontece agora nas Misericórdias desta região, casos de Fornos, Penalva, Santar e Mangualde que recentemente alteraram os seus provedores e sobretudo pessoas mais jovens com outras dinâmicas.
 Este desafio de D.Ilídio e do Cónego Miguel Abreu foi bastante proveitoso, porque estiveram presentes 10 das 14 Misericórdias, conseguimos levar muitos Irmãos a Viseu, onde toda a cerimónia foi muito bonita, o desfile entre o Centro Pastoral e a Sé de Viseu, e a Eucaristia celebrada por D.Ilídio, engrandeceu as Misericórdias, dado que tem agora mais visibilidade e refiro especificamente que as coisas têm de mudar.
Sou apologista do limite de mandatos, em tom de brincadeira, refiro que o arciprestado da Beira Alta é o melhor da diocese, e na verdade os outros colegas também partilham desta opinião, porque existe uma amizade entre todos, aliás prova disso, que D. Ilídio lançou o desafio de todos os anos ser feito o Dia das Misericórdias, com o local a ser rotativo.
Também falamos frequentemente, entre todos, sobre os assuntos que são comuns entre Misericórdias e ajudamo-nos uns aos outros, temos novas ideias e queremos mostrar trabalho.

A segunda edição da Feira da Saúde teve muito impacto?
Sim. Nasceu o ano passado, da ideia de três técnicas desta instituição, Drª Patrícia, Drª Rita e Enfª Rita, que são muito competentes e uma grande ambição.
Este ano, com a ambição de envolver toda a comunidade fornense, estiveram mais de meio milhar de pessoas, numa população tão restrita como é a de Fornos de Algodres, ter 10% a frequentar a feira da saúde, é muito bom, onde foram proporcionadas palestras dos mais diversos temas.
As pessoas aderiram mais aos rastreios que proporcionamos das mais diversas índoles, desde a psicologia, terapia da fala, nutrição, enfermagem.
Tivemos uma grande envolvência da parte do Agrupamento de Escolas, e da grande parte das associações de Fornos de Algodres, aliás todas as IPSS estão a trabalhar todas unidas em prol do desenvolvimento e o melhor para Fornos, de realçar o papel do Instituto do Sangue nesta feira.
Foi a primeira vez que tivemos um alto representante da União das Misericórdias Portuguesas, Dr. Paulo Moreira, e o Presidente do Secretariado, Dr. Anselmo Antunes presentes na abertura desta feira.
Agora todos os técnicos estão de parabéns pelo trabalho desenvolvido, e este ano a passagem a dois dias foi importante na medida, o primeiro dia voltado para a população geral e o segundo para as instituições e para o Agrupamento de Escolas, funcionou bem e fica colocado um desafio, para o ano queremos muito mais.
Para o ano talvez abrir o leque a outras instituições para mostrarem também os seus serviços, isto é, cada uma ter uma barraquinha de divulgação dos seus serviços.

Que balanço faz destes dois anos a liderar a ISCMFA?
Nós quando nos propusemos a iniciar este trabalho, tínhamos um objetivo sério e bem definido, que era devolver a instituição Santa Casa a Fornos de Algodres, objetivo esse que está conseguido e está aos olhos de todos, nestes dois anos as pessoas tiveram uma visibilidade do trabalho desenvolvido, dado que a taxa de ocupação era de 20% de pessoas desta localidade, é hoje muito maior, cerca de 50%.
Quase duplicámos o número de irmãos nesta instituição, dado que era uma instituição fechada e hoje está aberta a todos.
Agora pretendemos aumentar as instalações quer na parte da unidade e na parte do Lar residencial, podemos ainda proporcionar melhores condições à população fornense.
Era importante mudar um pouco o rumo da instituição, hoje fala-se da instituição por bons motivos, ao contrário de antes de chegarmos, agora foram dois anos muitos exaustivos, aliás costumo dizer em jeito de brincadeira que se hoje fosse embora já ia satisfeito pelo grande trabalho que realizámos.
Quando cheguei muitas coisas não estavam bem, e estamos a tentar resolver, agora neste momento, muita coisa melhorou, os fornecedores e os funcionários passaram a receber a tempo e horas, há mais regularidade, também agora as compras são realizadas em Fornos de Algodres, apenas com a excepção de produtos de enfermagem e farmacêuticos, que tem obrigatoriamente de fora.

Também conseguimos através a da ARE Centro de ter 4 quartos particulares porque temos espaço, agora a ocupação é de 100%, na unidade não é fácil ter vagas, porque temos sempre gente em espera na plataforma, no lar está sempre cheio, apesar de existir alguns falecimentos, como é natural nestas casas.
Neste momento temos uma parceria com a AD Fornos de Algodres, onde os ajudamos com as refeições aos atletas e em troca proporcionam aqui aos nossos idosos momentos importantes e que os torna muito mais felizes, agora são coisas novas que os utentes gostam.

O ano de 2017 vai ser importante para a instituição?
Vai ser trabalhar no programa 2020, este novo quadro vai ser importante desde que abra, porque ainda não há previsões da data certa, agora o nosso projeto ronda o meio milhão de euros, com o fundo a pagar 85% e nós 15%, as obras têm de se enquadrar no edifício porque a ampliação remete-se a 6/7 quartos, agora tem de ser bem financiada, porque a Santa Casa não tem disponibilidade financeira para isso.
A Igreja da Misericórdia também está contemplada neste projeto, onde está previsto a recuperação dos dois altares e logo que abra o fundo, é um projeto praticamente aprovado, agora tem sido feito o trabalho normal de manutenção, desde o pintar as portas, as mesas no exterior, a beleza do interior sempre bem ornamentada pela boa vontade das senhoras que semanalmente vão fazendo esse trabalho, também o andor do Sr. dos Passos está montado na Igreja e vamos colocar em volta uma peça de acrílico para o poder preservar mais.
São também muitos os visitantes que passam pela Igreja, agora a ligação com os nossos párocos é muito boa, porque a Igreja é de todos os fornenses.

Uma palavra a todos os Irmãos fornenses e comunidade em geral?
Os fornenses podem contar com a Santa Casa, esta instituição é de todos os fornenses, todos podem vir e participar, somos a entidade coordenadora da CLDS 3G Servir Fornos, com a Câmara Municipal a ser a entidade promotora, onde a equipa é muito unida e tem feito um grande trabalho com o objetivo de fazer mais e melhor pelos fornenses, e a Santa Casa neste momento, não está só direcionada para os idosos, dado que temos um gabinete que proporciona à procura de emprego e uma data de valências, agora as pessoas têm de nos procurar, tentamos dar a divulgação que achamos melhor.
A população pode contar connosco e que nos procurem.

Reportagem de António Pacheco

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