quarta-feira, 1 de abril de 2015

TEMPO DE PÁSCOA-Poema de Carlos Figueiredo Nunes (1977).

Em período pascal fica um poema de Dr. Carlos Figueiredo Nunes (1977)de Casal Vasco,
Concelho de Fomos de Algodres
TEMPO DE PÁSCOA
Ao longo da vida breve,
Por caminhos de ilusão,
Cada tempo deixa um sulco
Dentro do meu coração


Quando a ladeira é mais rude
E uma pausa é consentida.
Logo me cercam lembranças
Da vida que foi vivida!


Dias de Maio, sol alto,
Frescas flores desabrochadas
Hino de giestas dos montes
De sol e ouro enfeitadas!

Dias de estio, tão breves,
Da noite pegada ao dia,
Logo rompe a madrugada
Mal a noite principia.

Tempos de outono, suaves
No seu lento entardecer,
Leivas esperando as sementes
-Vida sempre a renascer.

Inverno que a fé aquece
Quando o Menino Jesus
Enche as almas de outra esperança,
Enche a vida de outra luz.

Notar que é sempre promessa
Ramos de luz e de esperança
Vida vivida nos olhos
Dos velhos e das crianças

Mas o tempo que mais clama
Dentro do meu coração,
É o Tempo do HOMEM NOVO,
Tempo da ressurreição!

Floresce a Festa dos Ramos
Por essas terras alem,
Abre-se a porta dourada
Da velha Jerusalém.

Nas mais remotas aldeias
Há verduras pelo chão
Crianças erguem seus ramos,
Nos olhos vivo clarão.

De loureiro e de alecrim,
Da mais variada maneira,
Não falta o sinal da Paz
Dum raminho de oliveira.

Mas logo o drama nos punge,
Logo um sinal anuncia
Sangue de Cristo imolado,
Prantos da Virgem Maria!

Semana Santa é silencio,
Tempo de meditação
Quem crê morre com Jesus
Até à Ressurreição.

Negras cortinas de nuvens
Cobrem o céu, mais distante,
Não tem brilho nem aquece
O sol ausente, inconstante.

Se alguma flor, enganada,
Desabrocha à plena luz,
Veste-se logo de roxo
Como as chagas de Jesus.

Luto por Cristo que morre,
Sexta - Feira da Paixão!
-Hossana por Cristo vivo
Na sua Ressurreição!

Como quem cumpre os preceitos
Duma aliança sem par,
Cristo vem às nossas casas
Porque nos quer abraçar

Casas ricas, casas pobres,
Não importa a dimensão,
Quem se senta à minha beira
Cristo diz que é meu irmão.

E os velhinhos, de joelhos,
Enchendo os olhos de luz,
Sentem os braços de Cristo
Que se despregam da Cruz.

Já recolhe a luz da tarde,
Que me nossas almas demora
Talvez o sol tenha pena
De tão cedo se ir embora!

E retomando, contente,
Meus caminhos de ilusão,
Já sei que PÁSCOA é o TEMPO
Da maior meditação

Ao longo da vida breve
Por contos de ilusão
Já o sol ergue poemas
Dentro do meu coração

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