sábado, 18 de abril de 2015

Fornos de Algodres Capital da Urtiga

Nesta terra não se mandam as urtigas para as urtigas
  A regra impera em Fornos de Algodres. Com poucos recursos, o concelho aposta na utilização da planta como matéria-prima de novos produtos. Por exemplo, sabonetes e de papel.

  A Câmara de Fornos de Algodres, distrito da Guarda, aposta numa planta com má fama - a urtiga - para ajudar a reanimar a economia local.


  Fornos de Algodres é o município mais endividado do país e é também afetado pelo despovoamento. Todas as soluções são pensadas na vila que recebeu, recentemente, o anúncio do encerramento do serviço de Finanças e do tribunal.

  A utilização das urtigas na alimentação é ancestral e até já motivou a constituição no concelho, em 2009, a Confraria da Urtiga, mas as plantas, que nascem livremente nos campos, podem constituir matéria-prima de vários produtos.

  O presidente da autarquia, António Fonseca, diz que "o produto está a ser trabalhado em várias áreas", servindo já hoje para a feitura de "enchidos e de sopas tradicionais". Mas o autarca quer mais: "Falta dar o salto".

"Estamos a pensar em criar uma incubadora de empresas, com fundos comunitários, e, se houver um projeto ligado às urtigas, estaremos cá para o acarinhar", revela.

  O "salto" terá de passar por novos produtos e, assim, no fim-de-semana, decorrem em Fornos de Algodres dois "workshops": um sobre produção de sabonetes de urtiga e outro incide na produção artesanal de papel de urtiga. A iniciativa é da Confraria de Urtiga e da União de Freguesias de Juncais, Vila Ruiva e Vila Soeiro do Chão e, para Maio, anuncia-se a primeira "Rota da Urtiga".

Uma boa ideia de negócio
 Ana Martins é uma das promotoras destes "workshops". Trabalhou quase 20 anos numa fábrica de papel, em Vouzela, e agora, aos 55 anos, está preparada para ensinar a fazer papel de urtiga. Garante que é uma boa ideia de negócio porque "a maioria dos papéis feito a partir de plantas tem uma durabilidade muito longa. Alguns chegam aos mil anos".

 Ana conta que, numa experiência de trabalho que viveu em Moçambique, fez papel dos desperdícios de cana-de-açúcar. "Um papel de muito boa qualidade, que gerou dinheiro para a população que o produziu".

  Papel de urtiga, sabonetes de urtigas, aprender a fazer este fim de semana em Fornos de Algodres. Se der fome, qualquer restaurante da vila terá um esparregado ou salada de urtigas. Não tem que causar dor ou ardor na boca: depois de cozinhada, a urtiga é bastante suave e deliciosa. Queijo da serra com urtigas é já um ex-libris da vila.
fonte:Liliana Carona/RR

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