domingo, 16 de agosto de 2015

Conversa com Luís Miguel Ginja, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fornos de Algodres



Irmandade da Santa Casa está mais aberta aos fornenses
Fomos conversar com Luís Miguel Ginja da Fonseca, Provedor da Santa Casa da Misericórdia, na linha de fazer um balanço destes sete meses à frente dos destinos da instituição.
Foi nos dizendo que não é fácil para um jovem nos dias de hoje, ter sido candidato à Irmandade da Santa Casa, dado que é uma instituição secular, que está à beira de completar 350 anos.
A candidatura surgiu num grupo de irmãos que entendeu que a Santa Casa e as suas valências estavam muito fechadas à comunidade fornense, e assim este grupo de amigos e irmãos entendeu que era hora de dar um novo impulso à instituição.
O meu nome surge à posterior, fruto de um consenso desse grande grupo que entendeu que era a pessoa com mais condições para abraçar este cargo, fui candidato e fui eleito numa assembleia geral repleta de irmãos, com vontade de mudança, e por uma Irmandade aberta.

Situação económica frágil
Logo que tomou posse, foi hora de se inteirar da situação, e aqui o Provedor referiu “encontrei uma instituição com funcionários desmotivados, vários compromissos que não deveriam ter sido assumidos pela anterior Mesa, aliás qualquer provedor ao assumir algo deve ter respeito sobretudo pelos colaboradores e utentes das instituições”, mas sobre estes e outros assuntos reservou-se um pouco, ficando a promessa de um esclarecimento mais à frente dado que, nestes casos decorre um processo de análise e conhecimento.
Foram já feitas quatro assembleias gerais, referiu que a situação da instituição é muito preocupante, fruto dos compromissos que o anterior  provedor assumiu dado que a mesa nunca lhe deu quaisquer responsabilidades ou autorização para tal, o futuro o dirá, a situação económica é muito frágil. Nós gerimos a Santa Casa por nós próprios, com uma Mesa empenhada, assim como toda a equipa pronta a colaborar, o que fez com que hoje as pessoas estejam mais motivadas e empenhadas, tem de ser uma Irmandade aberta e deixou como exemplo: quando entrou a Unidade de Cuidados Continuados tinha 2 pessoas de Fornos de Algodres hoje tem 12, revela que os fornenses não conheciam a Santa Casa e podiam enviar os seus familiares para cá.
A UCC (Unidade Cuidados Continuados) funciona a nível nacional, em rede, mas segundo o provedor, não estava a ser dada a conhecer da melhor forma, ou seja as unidades de saúde desconheciam esta instituição.
Atualmente, a UCC (Unidade Cuidados Continuados), está mais aberta, com uma equipa técnica muito bem constituída que evita as deslocações dos doentes com frequência, aos hospitais, mas salientou que na rede nacional as pessoas de Fornos não têm preferência, mas existindo na localidade é mais fácil e os resultados estão à vista.
Ao fim de sete meses, salientou: “muita coisa mudou e é notória a abertura à população, agora precisamos de arranjar novas fontes de financiamento, criando outras valências.”
A candidatura ao Contrato Local de Ação Social (CLDS) 3G, é uma realidade, o que virá trazer a Fornos mais alguma motivação e algum empreendimento na ação social e outros, já há muito estava equacionada, querem ter um papel importante e ativo na ação social, dado que, todas as associações têm de ter a possibilidade de ter intervenção na comunidade, agora vamos aguardar, também foram nestes dias assinados mais 5 acordos com a segurança social para o lar de idosos desta instituição, e a parte eclesiástica também é muito importante, o trabalho que tem sido feito.”
Uma nova viatura para apoio
No início de julho, uma nova viatura chegou a esta instituição e Luís Ginja referiu que tal só foi possível, face:” à poupança que se tem feito desde a entrada nesta casa, ou seja, todos os meses é um esforço enorme para honrar os compromissos, e assim conseguimos esta viatura para dar um pouco de qualidade de vida aos nossos utentes.”
O Lar é mais uma valência da ISCMFA, agora está com mais e melhores condições, face a algumas melhorias, ou seja, salientou que anteriormente estava separado, mas a mesa entendeu que tal não era assim e hoje tem um equipa clínica competente e atenta a tudo, está preenchido, com os acordos que referi anteriormente vamos melhorar as condições dos utentes, dado que os utentes pagam aquilo que é determinado pela tabela a nível nacional e não como a Mesa entende, o Lar é de Fornos, aqui sim os fornenses têm prioridade sobre os outros de fora.
Grande adesão dos Irmãos à instituição
Houve um grande fluxo de irmãos que entraram nesta fase, aqui o provedor referiu: “entraram alguns no período eleitoral, mas só após a tomada de posse e  devido à abertura que tem existido, o acesso e interesse foi enorme,  porque os fornenses são boa gente.”
A entrada dos irmãos só acontecia com a unanimidade de todos os membros, mas agora tudo se alterou, desde que os propostos tenham as qualidades necessárias, e tenham a concordância de 4 dos 7 elementos da Mesa, são admitidos.
Hoje são 189 irmãos, quando eram apenas 94 de quando tomei posse, um grande fluxo.

O novo compromisso renovado está, já aprovado
Depois de muito trabalho, o novo compromisso está pronto e aprovado, a lei de 14 de novembro de 2014, assim o exigia e os irmãos tiveram acesso para o analisar e discutir em assembleia geral, onde foram executadas imensas alterações, documento que não sofria alterações desde 1999.
Salientando alguns pontos como a admissão dos irmãos, as responsabilidades e obrigações  do provedor, alienar património e assinar acordos com terceiros, entre outras coisas tem de ser sempre decidido em assembleia geral.
É dos poucos compromissos que foram já confirmados pelo Sr. Bispo de Viseu, salientou que é um documento com muito valor, este compromisso é das coisas mais importantes realizadas.
Atividades realizadas
Nestes sete meses foi desenvolvendo algumas atividades, mas reetirou que só é Provedor porque um grupo de pessoas assim o entendeu,com o objetivo de fazer mais e diferente do que a mesa anterior, agora é necessário que os nossos utentes tenham qualidade de vida.
A caminhada, a sardinhada, a participação na Feira do queijo, a viagem a Fátima dos utentes, o ter um coro na Igreja que nos engrandece, e além do mais engrandece Fornos, a bênção da viatura,o dar o nome de um antigo provedor o trazer a sua família à irmandade, os quais mostraram o interesse de ser irmãos, tudo isso é muito gratificante para nós, é esta abertura que os utentes e a Santa Casa precisam.
Igreja da Misericórdia um símbolo do Património Nacional
Neste ponto, Luís Ginja enalteceu o trabalho feito pela anterior Mesa, na renovação e restauração do altar-mor, é um património de todos nós.
Atualmente existe uma proposta para restaurar os altares que ladeam o altar- mor, mas carecem de financiamento, que nesta fase não é possível.
Para já, um projeto que temos em fase de andamento, é a criação de um museu da Misericórdia, na parte superior da sacristia, é um projeto que não queremos perder, aliás vamos tentar que ainda neste mandato seja uma realidade, dado que a Misericórdia detém um património fabuloso, mas também não podemos esquecer a Capela de N.S. das Dores onde em maio se pratica o terço diariamente.
Novos projetos poderão vir a ser uma realidade, aliás acredita que podem ser realidade, através do Portugal 2020, mas vamos aguardar por ver o desfecho.
350 Anos comemoram-se em 2016
Sobre o 350º aniversário, o provedor salientou que vai ser uma comemoração muito importante e além do mais, muitas outras instituições estão abertas a colaborar neste evento, já existe um painel na Igreja da Misericórdia que evidencia esse mesmo aniversário, lançou o repto para todos os que queiram adquirir a coleção de seis selos alusivos a este evento, os mesmos já estão disponíveis.
Nesse dia, vai estar a presidir as cerimónias o Sr. Bispo D. Ilídio, este aniversário é especial para todos e claro terá lugar, na 5ªfeira do Jubileu, antes da Páscoa, este evento dar grande evidência quer a Fornos, quer à própria Irmandade, salientou-nos que já este ano ficou agradado com a alegria que os Irmãos mais velhos mostravam por estar nestas comemorações.
Em suma, depois de estes sete meses, mostra-se satisfeito e feliz pelo trabalho efetuado e além do mais, agora Fornos tem uma Irmandade aberta a todos, mas sabe que no futuro vão surgir obstáculos e dificuldades, mas está sempre disposto, juntamente com os restantes corpos sociais para poder tornear tudo.
Neste momento, a instituição tem 35 funcionários e alguns estágios profissionais, grande parte da equipa vem do passado, mas agora sim! coesa e empenhada, com 20 utentes no lar e 19 na UCC.
Frisou que, neste momento, a Irmandade da Santa Casa é a maior IPSS do concelho de Fornos, porque tem 200 Irmãos, e não outras que evitam a entrada de associados.
Deixou o repto que as valências atuais não são suficientes, é preciso ter mais valências de determinadas índoles.

Deixou a mensagem que a Santa Casa está aberta a dialogar e a trabalhar com todos os fornenses no futuro.

Terminámos esta breve conversa com uma visita às instalações, onde podemos constatar a camaradagem e amizade entre colaboradores e utentes.

Por:António Pacheco









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