Irmandade da Santa Casa está mais
aberta aos fornenses
Fomos
conversar com Luís Miguel Ginja da Fonseca, Provedor da Santa Casa da
Misericórdia, na linha de fazer um balanço destes sete meses à frente dos
destinos da instituição.
Foi
nos dizendo que não é fácil para um jovem nos dias de hoje, ter sido candidato
à Irmandade da Santa Casa, dado que é uma instituição secular, que está à beira
de completar 350 anos.
A candidatura
surgiu num grupo de irmãos que entendeu que a Santa Casa e as suas valências
estavam muito fechadas à comunidade fornense, e assim este grupo de amigos e
irmãos entendeu que era hora de dar um novo impulso à instituição.
O meu
nome surge à posterior, fruto de um consenso desse grande grupo que entendeu
que era a pessoa com mais condições para abraçar este cargo, fui candidato e
fui eleito numa assembleia geral repleta de irmãos, com vontade de mudança, e por
uma Irmandade aberta.
Situação
económica frágil
Logo
que tomou posse, foi hora de se inteirar da situação, e aqui o Provedor referiu
“encontrei uma instituição com funcionários desmotivados, vários compromissos
que não deveriam ter sido assumidos pela anterior Mesa, aliás qualquer provedor
ao assumir algo deve ter respeito sobretudo pelos colaboradores e utentes das
instituições”, mas sobre estes e outros assuntos reservou-se um pouco, ficando
a promessa de um esclarecimento mais à frente dado que, nestes casos decorre um
processo de análise e conhecimento.
Foram
já feitas quatro assembleias gerais, referiu que a situação da instituição é
muito preocupante, fruto dos compromissos que o anterior provedor assumiu dado que a mesa nunca lhe deu
quaisquer responsabilidades ou autorização para tal, o futuro o dirá, a
situação económica é muito frágil. Nós gerimos a Santa Casa por nós próprios,
com uma Mesa empenhada, assim como toda a equipa pronta a colaborar, o que fez
com que hoje as pessoas estejam mais motivadas e empenhadas, tem de ser uma
Irmandade aberta e deixou como exemplo: quando entrou a Unidade de Cuidados Continuados
tinha 2 pessoas de Fornos de Algodres hoje tem 12, revela que os fornenses não
conheciam a Santa Casa e podiam enviar os seus familiares para cá.
A UCC
(Unidade Cuidados Continuados) funciona a nível nacional, em rede, mas segundo
o provedor, não estava a ser dada a conhecer da melhor forma, ou seja as
unidades de saúde desconheciam esta instituição.
Atualmente,
a UCC (Unidade Cuidados Continuados), está mais aberta, com uma equipa técnica
muito bem constituída que evita as deslocações dos doentes com frequência, aos
hospitais, mas salientou que na rede nacional as pessoas de Fornos não têm
preferência, mas existindo na localidade é mais fácil e os resultados estão à
vista.
Ao
fim de sete meses, salientou: “muita coisa mudou e é notória a abertura à
população, agora precisamos de arranjar novas fontes de financiamento, criando
outras valências.”
A
candidatura ao Contrato Local de Ação Social (CLDS) 3G, é uma realidade, o que
virá trazer a Fornos mais alguma motivação e algum empreendimento na ação
social e outros, já há muito estava equacionada, querem ter um papel importante
e ativo na ação social, dado que, todas as associações têm de ter a
possibilidade de ter intervenção na comunidade, agora vamos aguardar, também
foram nestes dias assinados mais 5 acordos com a segurança social para o lar de
idosos desta instituição, e a parte eclesiástica também é muito importante, o
trabalho que tem sido feito.”
Uma
nova viatura para apoio
No
início de julho, uma nova viatura chegou a esta instituição e Luís Ginja
referiu que tal só foi possível, face:” à poupança que se tem feito desde a
entrada nesta casa, ou seja, todos os meses é um esforço enorme para honrar os
compromissos, e assim conseguimos esta viatura para dar um pouco de qualidade
de vida aos nossos utentes.”
O Lar
é mais uma valência da ISCMFA, agora está com mais e melhores condições, face a
algumas melhorias, ou seja, salientou que anteriormente estava separado, mas a
mesa entendeu que tal não era assim e hoje tem um equipa clínica competente e
atenta a tudo, está preenchido, com os acordos que referi anteriormente vamos
melhorar as condições dos utentes, dado que os utentes pagam aquilo que é
determinado pela tabela a nível nacional e não como a Mesa entende, o Lar é de Fornos,
aqui sim os fornenses têm prioridade sobre os outros de fora.
Grande
adesão dos Irmãos à instituição
Houve
um grande fluxo de irmãos que entraram nesta fase, aqui o provedor referiu: “entraram
alguns no período eleitoral, mas só após a tomada de posse e devido à abertura que tem existido, o acesso e
interesse foi enorme, porque os
fornenses são boa gente.”
A
entrada dos irmãos só acontecia com a unanimidade de todos os membros, mas
agora tudo se alterou, desde que os propostos tenham as qualidades necessárias,
e tenham a concordância de 4 dos 7 elementos da Mesa, são admitidos.
Hoje
são 189 irmãos, quando eram apenas 94 de quando tomei posse, um grande fluxo.
O
novo compromisso renovado está, já aprovado
Depois
de muito trabalho, o novo compromisso está pronto e aprovado, a lei de 14 de
novembro de 2014, assim o exigia e os irmãos tiveram acesso para o analisar e
discutir em assembleia geral, onde foram executadas imensas alterações,
documento que não sofria alterações desde 1999.
Salientando
alguns pontos como a admissão dos irmãos, as responsabilidades e obrigações do provedor, alienar património e assinar
acordos com terceiros, entre outras coisas tem de ser sempre decidido em
assembleia geral.
É dos
poucos compromissos que foram já confirmados pelo Sr. Bispo de Viseu, salientou
que é um documento com muito valor, este compromisso é das coisas mais
importantes realizadas.
Atividades
realizadas
Nestes
sete meses foi desenvolvendo algumas atividades, mas reetirou que só é Provedor
porque um grupo de pessoas assim o entendeu,com o objetivo de fazer mais e
diferente do que a mesa anterior, agora é necessário que os nossos utentes
tenham qualidade de vida.
A caminhada,
a sardinhada, a participação na Feira do queijo, a viagem a Fátima dos utentes,
o ter um coro na Igreja que nos engrandece, e além do mais engrandece Fornos, a
bênção da viatura,o dar o nome de um antigo provedor o trazer a sua família à
irmandade, os quais mostraram o interesse de ser irmãos, tudo isso é muito
gratificante para nós, é esta abertura que os utentes e a Santa Casa precisam.
Igreja
da Misericórdia um símbolo do Património Nacional
Neste
ponto, Luís Ginja enalteceu o trabalho feito pela anterior Mesa, na renovação e
restauração do altar-mor, é um património de todos nós.
Atualmente
existe uma proposta para restaurar os altares que ladeam o altar- mor, mas
carecem de financiamento, que nesta fase não é possível.
Para
já, um projeto que temos em fase de andamento, é a criação de um museu da
Misericórdia, na parte superior da sacristia, é um projeto que não queremos
perder, aliás vamos tentar que ainda neste mandato seja
uma realidade, dado que a Misericórdia detém um património fabuloso, mas também não podemos esquecer a Capela
de N.S. das Dores onde em maio se pratica o terço diariamente.
Novos projetos poderão vir a ser uma
realidade, aliás acredita que podem ser realidade, através do Portugal 2020,
mas vamos aguardar por ver o desfecho.
350
Anos comemoram-se em 2016
Sobre
o 350º aniversário, o provedor salientou que vai ser uma comemoração muito
importante e além do mais, muitas outras instituições estão abertas a colaborar
neste evento, já existe um painel na Igreja da Misericórdia que evidencia esse
mesmo aniversário, lançou o repto para todos os que queiram adquirir a coleção
de seis selos alusivos a este evento, os mesmos já estão disponíveis.
Nesse
dia, vai estar a presidir as cerimónias o Sr. Bispo D. Ilídio, este aniversário
é especial para todos e claro terá lugar, na 5ªfeira do Jubileu, antes da
Páscoa, este evento dar grande evidência quer a Fornos, quer à própria
Irmandade, salientou-nos que já este ano ficou agradado com a alegria que os
Irmãos mais velhos mostravam por estar nestas comemorações.
Em
suma, depois de estes sete meses, mostra-se satisfeito e feliz pelo trabalho
efetuado e além do mais, agora Fornos tem uma Irmandade aberta a todos, mas
sabe que no futuro vão surgir obstáculos e dificuldades, mas está sempre
disposto, juntamente com os restantes corpos sociais para poder tornear tudo.
Neste
momento, a instituição tem 35 funcionários e alguns estágios profissionais,
grande parte da equipa vem do passado, mas agora sim! coesa e empenhada, com 20
utentes no lar e 19 na UCC.
Frisou
que, neste momento, a Irmandade da Santa Casa é a maior IPSS do concelho de
Fornos, porque tem 200 Irmãos, e não outras que evitam a entrada de associados.
Deixou
o repto que as valências atuais não são suficientes, é preciso ter mais
valências de determinadas índoles.
Deixou
a mensagem que a Santa Casa está aberta a dialogar e a trabalhar com todos os
fornenses no futuro.
Terminámos
esta breve conversa com uma visita às instalações, onde podemos constatar a
camaradagem e amizade entre colaboradores e utentes.
Por:António Pacheco
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