terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Senense Pedro Oliveira cria plataforma para cura de doenças


Pedro Oliveira lançou a Patient Innovation, uma plataforma onde cuidadores e pacientes partilham soluções para doenças graves

Joaquina Teixeira, mãe de Gonçalo, cobriu o tecto de sua casa de balões coloridos. Não que fosse dar uma festa de fim de ano. Longe disso. Inspirada pelo que viu noutra festa de crianças, foi a solução que arranjou para que o filho Gonçalo, a quem fora diagnosticada síndrome de Angelman, uma perturbação genético-neurológica, se sentisse motivado a levantar-se e a caminhar sozinho pela casa para agarrar os balões.

Já Mariana tem cri du chat, uma doença em que uma das possíveis perturbações de comportamento é um fascínio por cabelos. O que muitas vezes acontece é arrancar os próprios cabelos e fazer peladas quando está mais nervosa. "Os pais repararam que se tivesse o cabelo molhado não sentia a mesma atracção por cabelos e experimentaram pôr-lhe gel. Repararam que como não gosta do toque deixou de os arrancar", conta Pedro Oliveira, de 43 anos.
É na plataforma online lançada por Pedro em Fevereiro de 2014, a Patient Innovation, que pais como os de Gonçalo e Mariana partilham soluções alternativas para doenças mais graves como estas. Multilingue, internacional e sem fins lucrativos, a plataforma tem como objectivo "facilitar a partilha de soluções inovadoras desenvolvidas por doentes de qualquer patologia, bem como pelos seus cuidadores", explica Pedro.
"Na nossa investigação descobrimos que um elevado número de doentes inovam e muitas vezes desenvolvem soluções muito importantes para eles e para as suas famílias ou cuidadores", continua. "Percebemos também que se essas soluções fossem partilhadas com outros doentes e cuidadores com problemas semelhantes, poderiam ajudar muito mais gente."
O projeto resultou de uma investigação multidisciplinar liderada pela Católica-Lisbon School of Business and Economics, com a participação da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e também do MIT Sloan School of Management e da Carnegie Melon University, dos Estados Unidos.
Inovadora e made in Portugal, desde que foi lançada, no início do ano passado, a Patient Innovation já conta com 240 soluções apontadas por doentes dos cinco continentes. "Algumas são muito simples, enquanto outras são mais complexas e só foram possíveis graças a várias colaborações, nomeadamente com a comunidade médica", sublinha Pedro, que também é professor e diretor para a investigação da Universidade Católica.
Qualquer pessoa pode registar-se nesta espécie de rede social e partilhar a sua solução, que é depois avaliada por uma equipa médica liderada por Helena Canhão, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, antes de ser aprovada e estar disponível para quem a visita. O projeto é tão bem sucedido que foi semifinalista no prestigiado Harvard Health Acceleration Challenge - uma organização conjunta da Harvard Medical School e da Harvard Business School -, em que estiveram em competição 475 projectos de todo o mundo e conseguiu ser "o projecto mais aplaudido, mais visto e comentado entre todos".
Em 2015, Pedro espera que a Patient Innovation possa chegar a "países com baixa intensidade tecnológica e pouca penetração da internet, por exemplo em África ou no Sudoeste asiático", diz. Ele próprio nasceu "num dos países mais pobres e problemáticos do mundo", a República Centro-Africana.
Neste momento continua a trabalhar em vários projetos na área da saúde, também em colaboração com Helena Canhão. No próximo mês deverá lançar um programa de Inovação e Empreendedorismo em Saúde, que conta com várias colaborações internacionais. "Estamos também a lançar uma iniciativa destinada às empresas, a que chamámos Health Innovation Lab (o HiLab), e um grupo multidisciplinar na área da saúde a que chamámos Health Innovation Research Group (HiResearch)." Segue-se um livro com histórias de inovações por doentes e cuidadores.
Fonte I online

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