Antevê-se
uma disputa a três na corrida pela presidência da novel Comunidade
Intermunicipal (CIM) das Beiras e Serra da Estrela, entidade que vai
integrar 15 concelhos dos distritos da Guarda e de Castelo Branco.
Álvaro Amaro e Paulo Fernandes, autarcas da Guarda e do Fundão, já
tinham manifestado vontade de serem candidatos, mas Vítor Pereira, novo
presidente do município da Covilhã, também está disponível para liderar
aquele órgão. No final da primeira reunião do novo executivo
covilhanense, Vítor Pereira considerou que «estas questões não se
resolvem com afirmações públicas de candidatura», mas sim «em diálogo
profícuo com os parceiros da CIM», defendendo que a Covilhã, «sem
sobranceria e sem querer suscitar animosidade com quem quer que seja,
tem um papel fundamental em todo este processo, tem tido um papel
importante na Comurbeiras e vai tê-lo certamente» na nova CIM. Deste
modo, o autarca garantiu aos jornalistas que «obviamente» não descarta a
possibilidade de também ser candidato, o que considera um «desafio
aliciante e importante na perspetiva do desenvolvimento regional». O
edil confessa-se um «fervoroso adepto da cooperação intermunicipal», daí
que, uma vez eleito presidente da Câmara da Covilhã, dispõe agora da
«oportunidade de pôr em prática esse meu entendimento e penso que é
chegada a hora de dar corpo a essa vontade de cooperar com os nossos
municípios vizinhos e que integram a CIM das Beiras e Serra da Estrela».
De resto, o presidente da Câmara da Covilhã considera que o facto de
ser candidato não irá criar animosidade com o concelho do Fundão,
sustentando que a nova Comunidade tem «vários órgãos», dois
vice-presidentes e que seria «redutor banalizar a importância da
Comunidade à problemática da sede ou da presidência ou
vice-presidência». Para Vítor Pereira, «o mais importante é o que todos
nós, com lealdade e solidariedade, podemos fazer em termos de
cooperação, tendo sempre em vista a coesão territorial e o
desenvolvimento económico e social sustentado da região». O edil advoga
que esta deve ser a prioridade que «mais nos deve preocupar, mais do que
propriamente os cargos em si» e «estou certo que a problemática do
cargo será ultrapassada no âmbito deste espírito». A criação da CIM das
Beiras e Serra da Estrela foi aprovada em março deste ano quando a
Assembleia da República votou o novo mapa de organização territorial que
faz coincidir as CIM com as sub-regiões NUT III. Os 12 concelhos da
Comurbeiras unem-se assim aos três da Serra da Estrela para formar a CIM
das Beiras e Serra da Estrela, que passa a ser constituída pelos
municípios de Almeida, Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Figueira de
Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Fundão Gouveia, Guarda, Manteigas,
Mêda, Pinhel, Sabugal, Seia e Trancoso. A sua população rondará os 236
mil habitantes.
Covilhã quer organismo com «autonomia» no turismo
Após a reunião do executivo, Vítor
Pereira mostrou-se contra a extinção do Polo de Turismo da Serra da
Estrela e considerou que «o turismo deve ser concebido de uma forma mais
vasta e que não se defende a marca Serra da Estrela com uma
“delegaçãozinha” na Guarda». Recorde-se que no seu discurso de tomada de
posse, Álvaro Amaro, novo presidente da Câmara da Guarda, anunciou que a
cidade vai acolher uma delegação da Serra da Estrela da entidade
regional da Turismo do Centro. O autarca covilhanense realça que a
região de turismo mais antiga do país, com 57 anos, estava sediada na
cidade, defendendo que «devemos continuar a lutar no sentido de que essa
região se mantenha e estamos esperançados que no futuro regresse à
Covilhã e à região um polo, um organismo que tenha autonomia e que não
seja uma pequena “extensãozinha” da Turismo do Centro. Vítor Pereira
considera que se está a assistir à «”litoralização” do turismo» e que a
região «defende-se com um organismo que a valorize, que tenha autonomia e
que não seja um mero representante de uma forma muito diluída de um
organismo tão vasto e tão litoralizado que acolhe mais de 100
municípios». De resto, o edil critica a «lógica» de se fazer coincidir
as delegações com as capitais de distrito, «uma figura obsoleta,
anacrónica do ponto de vista jurídico-administrativo» e que «não é boa
ideia porque estão a relegar para segundo plano municípios como o da
Covilhã com a importância e a projeção que sempre teve no domínio do
turismo». O presidente do município teme que, à semelhança do que já
sucedeu com a ex-Região dos Templários, em Tomar, também os funcionários
do extinto Polo da Serra da Estrela venham a ser despedidos.
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