No concelho de Fornos de Algodres esta a desenvolver-se um
projeto de agro-turismo, mais concretamente na Quinta dos Carvalhais, na
Muxagata, assim onde se vai expandindo aos poucos,onde a paisagem natural é de
elevada qualidade onde fomos falar com o
proprietário deste belo empredimento, o Eng. João Gomes:
Magazine serrano - Como surgiu esta ideia de realizar assim um
projeto desta envergadura?
Eng.João Gomes--Não foi propriamente uma
ideia. É antes de mais um processo natural de investimento e realização. Eu entendo que
quando estão reunidas as principais condições para realizarmos algo, seja o que
for, temos de o realizar.
JG -A
quinta antes desta intervenção não existia. Os edifícios estavam em ruinas e as
áreas com alguma aptidão agrícola estavam completamente sujas de matos e
infestantes. Havia edifícios que não se viam, tal era o grau e a persistência
dos silvados e matos. Começamos do zero.
MS -A fase inicial do projeto destinou-se á produção de
Mirtilos? Fale um pouco do produto em si, e suas finalidades?
JG -Depois de avaliarmos os principais elementos e fatores relacionados
com os mirtilos, decidimos instalar esta cultura.
Apesar de não haver tradição na nossa zona
neste tipo de frutas, e por isso também comportar algum risco, decidimos
avançar por aqui porque o potencial para exportação era enorme, além de que o
mercado interno tem tendência também para aumentar.
È um fruto excelente, com qualidades
incríveis para a saúde humana. As suas folhas então, têm uma quantidade de
antioxidantes ainda maior que as bagas. No ano passado apostamos na venda de
folhas para infusão devidamente embaladas e correu muito bem. O chá de mirtilo
é de facto muito bom.
MS- Que outras culturas podemos encontrar na sua quinta?
JG -Na
Quinta dos Carvalhais além de mirtilos, temos um pomar de groselha, Olival,
cereais e povoamentos florestais. Estamos a pensar no curto/médio prazo
diversificar ainda mais as atividades agrícolas, instalando novas plantações,
nomeadamente baga de sabugueiro e castanheiros.
MS- Para breve estará pronto a parte do turismo de habitação
rural , mais um grande complemento para o projeto?
JG -Sim,
temos a perceção de que a aposta na agricultura é uma estratégia mais eficaz se
articulada com turismo diferenciado e de qualidade, capaz de valorizar
devidamente os produtos agrícolas, os edifícios, o montado de carvalhos…
Defendo a diversificação de atividades. Daí que recuperamos e ampliamos os
edifícios em ruinas e criamos 3 unidades de alojamento independentes ( 2 T1 e 1
T3 ), e algumas infra-estruturas e
equipamentos de apoio, como a piscina
comum, parque infantil, forno tradicional, eira tradicional, caminhos pedonais, etc.
MS- Esta quinta encontra-se num local de natureza, pois
poderá explorar outras finalidades? Passeios, cursos fotografia, acções de
formação entre outros?
JG -Sim, além do acompanhamento e participação nas atividades agrícolas
desenvolvidas na quinta, os visitantes
podem efetuar outras atividades
de cariz lúdico, educativo e de saúde. Assim, pretendemos desenvolver cursos e
workshops, percursos de descobrimento ( pedonais, bicicleta, carros TT) e rotas/circuitos
diversos que permitam conhecer e explorar os atrativos gastronómicos, culturais
e paisagísticos do nosso território. No
nosso site (www.quintadoscarvalhais.com.pt)
estão já alguns serviços disponibilizados.
MS- Trata-se de um projeto de grande envergadura? Como vê o
futuro ?
JG -O
projeto Quinta dos Carvalhais tem
qualidade . Acredito que tem potencial
para ser bem-sucedido. Sei também das dificuldades que temos pela frente. A envolvente
económica local e nacional é desfavorável, os impostos e taxas são enormes, a
energia e os fatores de produção estão cada vez mais caros………enfim temos que
ter rigor nos custos sem deixar, na medida do possível, em investir e melhorar.
Mas assim, definitivamente não é fácil.
MS- O turismo deverá ser a grande aposta para atrair gente
ao concelho, certamente motivado para seguir em frente?
JG-Considero que nenhuma atividade , só por si, tem capacidade para ser
uma alavanca num local com as características de Fornos de Algodres. Quem
pensar que é o turismo, a agricultura , a produção de queijo , o comércio ou
as pequenas industrias sozinhas a impulsionarem o
desenvolvimento económico estão enganados.
Têm que ser todas as atividades a contribuírem para esse desenvolvimento. Não
podemos por isso colocar as “fichas” todas numa única atividade e esperar tudo
desta ou daquela atividade. O que é preciso é que cada um faça a sua parte …..
MG- Desde já agradecemos a amabilidade e disponibilidade como fomos recebidos neste empreendimento.
JG-Obrigado eu,
aproveito para agradecer o convite para esta
entrevista e, também, cumprimentar todos os nossos conterrâneos e leitores do
Magazine Serrano, em especial todos aqueles que lutam e trabalham no
estrangeiro. Um forte abraço a todos.
Reportagem de Antonio Pacheco
Parabens aos dois!
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