quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Artigo de Saúde de Luís Condeço—Vacine-se


A história da vacinação está indelevelmente ligada à varíola, doença de causa viral e altamente contagiosa que no século XVIII se encontrava propagada um pouco por todo o mundo, considerada por muitos historiadores como o “maior flagelo de toda a história da humanidade”. Caraterizada pelas “bexigas” ou vesículas purulentas, atingia uma taxa de mortalidade de cerca de 30%.

Em 1796, um médico inglês – Edward Jenner, verificou que as mulheres agricultoras que retiravam o leite às vacas não eram infetadas com esta doença, uma vez que adquiriam previamente a varíola bovina. Esta descoberta foi precursora de estudos e investigações que levaram à inoculação de humanos com material retirado de vesículas de doentes humanos com varíola (Jenner inoculou o próprio filho). Muitos apontam este acontecimento como o marco inicial da vacinação em humanos, e que possibilitou em 8 de maio de 1980, à Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar a doença erradicada.

Em Portugal, e no decurso do movimento vacinal iniciado por Jenner, foi criada em 1812 a Instituição Vacínica pela Real Academia das Ciências de Lisboa, para servir de principal aliada na luta contra a varíola em território nacional.

Ontem, tal como hoje, entendia-se a vacinação como uma das principais medidas de saúde pública, na prevenção de doenças, redução das taxas de mortalidade e morbilidade, e diminuição de doenças infetocontagiosas como a tuberculose, o tétano, a tosse convulsa, a difteria, a poliomielite ou a varíola. De tal forma, que em 1965 o então Ministério da Saúde e Assistência, em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian criaram o Plano Nacional de Vacinação, à época diferente de como o conhecemos atualmente.

As vacinas impedem que 2 a 3 milhões de pessoas morram anualmente em todo o mundo, segundo a OMS, que na comemoração da Semana Mundial da Vacinação (no final de abril deste ano) defendeu mais investimento nesta intervenção clínica. A diretora da OMS para Angola considera as imunizações como uma das “inovações científicas com maior impacto na saúde de todos os tempos, ajudando a proteger gerações de pessoas contra doenças infeciosas ao longo das suas vidas”, e é notória essa proteção na vacinação da COVID-19, reduzindo drasticamente as formas de doença grave passíveis de internamento hospitalar e a mortalidade.

Em Portugal, de 22 de agosto a 22 de setembro, foram registados pela Direção-Geral da Saúde 167.710 casos de COVID-19 e 449 óbitos de pessoas infetadas pelo vírus. Estes dados não nos podem deixar descansados, pelo contrário, devemos agora mais do que nunca apelar, incentivar e participar na Campanha de Vacinação Outono-Inverno contra a COVID-19 e Gripe que decorre desde o dia 7 de setembro.

Esta campanha de vacinação sazonal, está a decorrer de forma escalonada por faixas etárias (da mais elevadas para as mais jovens), com o objetivo de proteger em primeiro lugar as pessoas mais vulneráveis.

Podem ser vacinados contra a COVID-19, as pessoas que:Tenham 60 ou mais anos de idade;
Residam ou trabalhem em Estabelecimentos Residenciais Para Idosos e na Rede Nacional de Cuidados Continuados;
Tenham mais de 12 anos de idade com doenças de risco;
Estejam grávidas com mais de 18 anos de idade e doenças definidas pela Direção-Geral da Saúde;
Sejam profissionais de saúde ou outros prestadores de cuidados.

Podem ser vacinados contra a Gripe, as pessoas que:Tenham 65 ou mais anos de idade;
Residam em Estabelecimentos Residenciais Para Idosos e na Rede Nacional de Cuidados Continuados;
Tenham mais de 6 meses de idade com doenças de risco;
Tenham doenças crónicas e estejam imunodeprimidos;
Estejam grávidas;
Sejam profissionais de saúde ou outros prestadores de cuidados.

Há vários postos de vacinação disponíveis pelo país, e pode encontrá-los facilmente em https://covid19.min-saude.pt/lista-de-centros-de-vacinacao/.

Autor

Luís Miguel Condeço

Enfermeiro Especialista de Saúde Infantil e Pediátrica do Centro Hospitalar Tondela-Viseu

Professor Convidado do Instituto Politécnico de Viseu

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